Havia algo no céu que me atraía. Mas não apenas atraía meus olhos, agora fixos na maior de todas as estrelas vistas da Terra, Vênus. Havia algo nele que atraía minha alma. Todas as noites, eu me deitava no jardim de casa, e ficava observando as estrelas imóveis e brilhantes, como pequenos pontinhos de esperança.
Eram mais bonitas que o sol. Dava para vê-las perfeitamente; sem machucar os olhos, e pareciam ser ainda mais especiais por se destacarem em um céu mais escuro, trabalhando juntas para iluminá-lo. Aquilo era bonito; era uma força além da compreensão do homem.
Havia algo no céu. E não estou falando do velho mito céu-inferno. Acho que, se algum lugar fosse o paraíso, seria ele dentro de nós mesmos. O paraíso seria morrer sem estar magoado, sem ter deixado nada pra trás, sem ter se arrependido seriamente. O inferno seria morrer incompleto, infeliz. Era lamentar não ter aproveitado a vida. Os dois eram o mesmo lugar, mas um estado de espírito diferente.
Como a Lua, que estava sempre mudando sua forma, ora brilhante e bonita, ora sem brilho, sozinha. Às vezes, pela metade, às vezes sumindo e às vezes recobrando a força. A Lua podia representar o espírito do ser humano em suas diferentes fases, ou ser apenas um astro.
Havia algo no céu que realmente atraía a minha alma. Tudo no céu era uma metáfora; o brilho esperançoso das estrelas, mesmo no escuro vazio do céu. As mudanças da Lua, as nuvens que às vezes cobriam tudo. E a poluição, que cada vez mais nos impedia de vê-los, de entendê-los, de descobrir seus significados ocultos.
Havia algo no céu que deveria atrair à todos. Era tudo bonito, ou triste, tudo passava uma sensação. A paz crescia, nada mais importava. Não havia problemas enquanto as estrelas pudessem brilhar, mesmo no vazio e imensidão escura em que viviam. Não havia solidão enquanto todas brilhassem juntas, como uma só, mesmo longe umas das outras.
Perdido em pensamentos, no céu e em mim mesmo, acabei adormecendo ali, no jardim, feliz.
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