Era só uma viagem. Uma idéia que surgira do nada. Era nosso passatempo. Estávamos para nos casar, e afinal havíamos nos conhecido durante o alpinismo. Nada melhor do que comemorar o casamento com ele.
Era só uma cachoeira. Uma cachoeira bonita, cujas águas caíam, lindas e transparentes, brilhando como prata, brilhando como uma esperança de uma vida feliz. Uma escalada pela cachoeira.
Era só uma pedra solta. Uma pedra forte, grande o bastante para que se colocasse o pé, que dava a impressão da segurança; mas irremediavelmente solta. Uma pedra colocada ali como se fosse um teste. Um momento de desatenção. Não estávamos conversando? Algum assunto banal, que com certeza não valeu a pena, surgida logo que ele colocou o pé descuidadamente sobre a pedra.
Era só um erro, mas foi uma esperança perdida. Foi uma queda grande, comprida, batendo nas pedras e sendo batido pela água. Uma mão que não foi segurada, uma queda que não foi poupada, uma pedra que não estava presa, uma água que caía como o desespero.
Eu gritei. Eu gritei como se palavras pudessem trazê-lo de volta. Eu gritei como se fosse de alguma ajuda. Eu gritei como se não pudesse fazer nada para ajudá-lo, não pudesse segurar em nada, não pudesse impedir a queda horrível e a morte certa, o sangue que ficava nas pedras e era lavado pela água já não tão límpida.
Eu não podia. Por isso, eu gritei.
Era só uma lágrima. Uma lágrima que escorria pelo meu rosto, e caía se misturando à muitas outras gotas de água exatamente iguais, correndo umas sobre as outras na direção do vazio. Uma lágrima que caía como as minhas esperanças, e agora percorreria infinitamente um rio, tão vasto, profundo e simples como a minha tristeza.
Que lindo *---*
ResponderExcluirApesar de ultra-triste, amei o texto *--*
Parabéns, amore!
AAAHA, VOCÊ LEU -fingindo que nem foi quem pediu- que bom que você gostou *-*
ResponderExcluirBem, a ideia era que fosse triste mesmo...