O que posso encontrar no blog?

Aquilo que quiser. De opiniões a textos fofos, é como um grande bloco de anotações bagunçado. Existem os marcadores para te ajudar a encontrar os textos que prefere, mas não é muito organizado. Você pode ver todo tipo de tema, com vários estilos de escrita - varia um pouco de como minha mente está funcionando no momento. Enfim, boa leitura e aproveite os posts.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Aquele abraço


Foi um momento esquisito, de tristeza mútua. Três desconhecidas chorando escondidas no banheiro, sem saber o motivo das outras, sem nem saber seus nomes; um encontro ao acaso, uma literalmente infeliz coincidência.
Nós nos abraçamos. Foi tão natural, simples, estranho. E também reconfortante. Foi muitas coisas, e apenas um segundo. Na verdade, não foi nada, além de um desabafo sem palavras das 3 desconhecidas que se consolavam naquele abraço.
Já tínhamos nos esbarrado pelos corredores, já tínhamos uma leve noção da existência uma da outra.
E agora chorávamos juntas. Eu não sabia porque elas choravam, e elas tampouco sabiam porque eu chorava. Eram histórias diferentes, desconexas, e nem chegava a valer a pena contar agora. Mas, pelo jeito, tinham o mesmo final.
Nos soltamos. Eu lavei o rosto enquanto elas se enxugavam. Sorrisos tristes e uma recomposição. Saímos pela porta. E acabou tão rápido quanto tinha começado.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Havia algo no céu


Havia algo no céu que me atraía. Mas não apenas atraía meus olhos, agora fixos na maior de todas as estrelas vistas da Terra, Vênus. Havia algo nele que atraía minha alma. Todas as noites, eu me deitava no jardim de casa, e ficava observando as estrelas imóveis e brilhantes, como pequenos pontinhos de esperança.
Eram mais bonitas que o sol. Dava para vê-las perfeitamente; sem machucar os olhos, e pareciam ser ainda mais especiais por se destacarem em um céu mais escuro, trabalhando juntas para iluminá-lo. Aquilo era bonito; era uma força além da compreensão do homem.
Havia algo no céu. E não estou falando do velho mito céu-inferno. Acho que, se algum lugar fosse o paraíso, seria ele dentro de nós mesmos. O paraíso seria morrer sem estar magoado, sem ter deixado nada pra trás, sem ter se arrependido seriamente. O inferno seria morrer incompleto, infeliz. Era lamentar não ter aproveitado a vida. Os dois eram o mesmo lugar, mas um estado de espírito diferente.
Como a Lua, que estava sempre mudando sua forma, ora brilhante e bonita, ora sem brilho, sozinha. Às vezes, pela metade, às vezes sumindo e às vezes recobrando a força. A Lua podia representar o espírito do ser humano em suas diferentes fases, ou ser apenas um astro.
Havia algo no céu que realmente atraía a minha alma. Tudo no céu era uma metáfora; o brilho esperançoso das estrelas, mesmo no escuro vazio do céu. As mudanças da Lua, as nuvens que às vezes cobriam tudo. E a poluição, que cada vez mais nos impedia de vê-los, de entendê-los, de descobrir seus significados ocultos.
Havia algo no céu que deveria atrair à todos. Era tudo bonito, ou triste, tudo passava uma sensação. A paz crescia, nada mais importava. Não havia problemas enquanto as estrelas pudessem brilhar, mesmo no vazio e imensidão escura em que viviam. Não havia solidão enquanto todas brilhassem juntas, como uma só, mesmo longe umas das outras.
Perdido em pensamentos, no céu e em mim mesmo, acabei adormecendo ali, no jardim, feliz.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Negra como a noite


Talvez vocês não saibam – e provavelmente não se importam – mas o meu nome é Leila. Leila é árabe, e significa “negra como a noite” ou apenas “noite”.
Por algum motivo, hoje parei para pensar nisso.
O que eu tenho a ver com a noite?
Acho que a principal característica da noite, assim que você para pra pensar nela, é a escuridão. De dia, o sol ilumina e tudo está “claro”. À noite, ele some, aparecendo do outro lado do mundo e nos deixando com alguns substitutos, estrelas e muitas vezes a lua.
Mas isso nem sempre é ruim.
A noite não é aquilo que você pode perceber olhando. Você nunca vai conseguir sobreviver na noite com seus olhos. Não; você precisa sentir, ouvir, entender. Os barulhos que os grilos fazem... A brisa mais suave... Nada disso você vê. Mas quando sente, ouve, tudo se torna claro, e tão confortável...
De dia, apenas o sol se responsabiliza por iluminar. A completa visão de tudo. Um único astro, brilhando e perfeitamente visível.
A noite não tem astros tão visíveis. Mas ela tem muitos astros. Eles, sozinhos, não são nada – são uma estrela, parada e quieta – mas juntos, formam um belo céu.
Um céu que ilumina quando você se acostuma. Um céu que, mesmo te permitindo enxergar um pouco, te leva a perceber as sensações e os sentimentos. É mais interior, mais difícil de entender, precisa de mais cuidado e precisa de mais atenção.
Talvez a noite, no fundo, não seja reparada, por não ter a luz do “sol”. Mas o seu trunfo é o de ter várias outras qualidades, estrelas brilhantes na escuridão, e por isso não atrai muita gente.
Mas sabe que, os que atrai, são aqueles que gostam do que sentem.
É, meu nome significa noite. E acho que tem muito a ver comigo.
Eu sou a noite.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Se alguém ainda lê o blog, o que não sei,

gostaria de avisar que, a partir de amanhã, vou começar a postar aqui uma história, e postarei um capítulo por dia. Eu, pelo menos, estou gostando dessa história, mas se vocês concordam comigo é coisa que ainda não sei. É uma história um pouco triste, mas estou trabalhando nela. Amanhã posto o capítulo 1. Espero que gostem :D

PS: vou tentar não abandonar o blog de novo

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Era só uma lágrima

Era só uma viagem. Uma idéia que surgira do nada. Era nosso passatempo. Estávamos para nos casar, e afinal havíamos nos conhecido durante o alpinismo. Nada melhor do que comemorar o casamento com ele.
Era só uma cachoeira. Uma cachoeira bonita, cujas águas caíam, lindas e transparentes, brilhando como prata, brilhando como uma esperança de uma vida feliz. Uma escalada pela cachoeira.
Era só uma pedra solta. Uma pedra forte, grande o bastante para que se colocasse o pé, que dava a impressão da segurança; mas irremediavelmente solta. Uma pedra colocada ali como se fosse um teste. Um momento de desatenção. Não estávamos conversando? Algum assunto banal, que com certeza não valeu a pena, surgida logo que ele colocou o pé descuidadamente sobre a pedra.
Era só um erro, mas foi uma esperança perdida. Foi uma queda grande, comprida, batendo nas pedras e sendo batido pela água. Uma mão que não foi segurada, uma queda que não foi poupada, uma pedra que não estava presa, uma água que caía como o desespero.
Eu gritei. Eu gritei como se palavras pudessem trazê-lo de volta. Eu gritei como se fosse de alguma ajuda. Eu gritei como se não pudesse fazer nada para ajudá-lo, não pudesse segurar em nada, não pudesse impedir a queda horrível e a morte certa, o sangue que ficava nas pedras e era lavado pela água já não tão límpida.
Eu não podia. Por isso, eu gritei.
Era só uma lágrima. Uma lágrima que escorria pelo meu rosto, e caía se misturando à muitas outras gotas de água exatamente iguais, correndo umas sobre as outras na direção do vazio. Uma lágrima que caía como as minhas esperanças, e agora percorreria infinitamente um rio, tão vasto, profundo e simples como a minha tristeza.